quinta-feira, 28 de maio de 2009

Moacyr Goes: Uma decisão ponderada

28.05.09 às 01h00

Diretor de teatro e cineasta

Rio - Uma decisão justa, que mantém a esperança de que a Justiça julga e procede em nome do bem comum, do Estado democrático de direito que, na Constituição, estabelece oportunidades iguais. Refiro-me à decisão de suspender as cotas raciais na universidade.

Tenho horror ao preconceito, contra negros, judeus, orientais, homossexuais ou a qualquer um. E creio que cotas nada mais fazem do que instituir o que devemos abominar: a diferenciação.

Penso as coisas a partir do indivíduo, na vida em sua singularidade, no cotidiano das pessoas, pois é onde as grandes questões se traduzem. Não existe vida nas estatísticas nem na história, somente na temporalidade de uma pessoa.

Se queremos diversidade na universidade, devemos dar acesso a todos os capazes. Leis devem levar à igualdade. A injustiça da escravidão não será reparada com cotas. A desigualdade entre os brasileiros só será superada, ou amenizada, com oportunidades iguais para todos. O que desejo para todos é uma escola de qualidade, como a que pago para meu filho.

Uma vez, o filho de uma mulher que trabalhava em minha casa passou o fim de semana conosco. O menino e meu filho tinham a mesma idade e brincaram. No computador, meu filho venceu todos os jogos. Ao jogar bola, o filho da empregada deu um show. Se isso fosse apenas opção individual, nada haveria de errado, mas não era.

Era a tradução da desigualdade de oportunidades. Pouco importa a cor de cada um. Se a mãe do meu filho fosse negra e o filho da empregada, branco, nada mudaria. Mas, se a escola pública fosse boa, o futuro dele seria aquilo que conseguisse e quisesse ser.

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