domingo, 3 de maio de 2009

02.05.09 às 20h52

Receita para a saúde do bolso é priorizar alternativas baratas

Portabilidade de contratos, remédios genéricos, programas para a baixa renda e pacotes populares em laboratórios particulares são opção para quem quer fugir de gastos que podem consumir R$ 250 mil em apenas uma década

POR PRISCILA BELMONTE, RIO DE JANEIRO

Rio - Entre as despesas do orçamento familiar, os gastos com a saúde são os que mais pesam. Para se ter uma ideia, consomem R$ 250 mil em 10 anos, o valor de um apartamento de classe média. Especialistas apontam, no entanto, que é possível economizar tomando algumas precauções. Em vigor desde o dia 15, a portabilidade trouxe aos consumidores novas possibilidades de reduzir gastos. O serviço incentiva as operadoras a baixar os preços e, se aliado a outros cuidados, pode aliviar os custos mensais. Priorizar remédios genéricos e aproveitar programas do governo e de laboratórios particulares voltados à baixa renda são opções para quem precisa ou deseja pagar menos.

O primeiro passo que o cliente deve dar é identificar o seu perfil, diz Maíra Feltrin, advogada do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). Se o contrato oferece internação com cobertura de obstetrícia, e a família não tem mulheres em idade fértil, o serviço não é essencial. No caso, é mais econômico migrar para um plano só com internação.

Daniel Branco, presidente da Anadec (Associação Nacional de Defesa da Cidadania e do Consumidor), também defende a preocupação com o perfil do consumidor: “Antes de optar por plano de abrangência nacional ou local, recomenda-se pesquisar o mais viável, de acordo com as necessidades de sua família”. Maíra e Daniel concordam que, para quem viaja pouco, a abrangência nacional é desnecessária. “Pode ser mais vantajosa a abrangência menor”, diz ela.

A lei determina que os planos de saúde são obrigados a ressarcir gastos dos consumidores em caso de atendimento de emergência fora da área prevista no contrato. Os clientes também devem pesquisar na ANS, Procon e entidades de defesa do consumidor, se existem contra a empresa queixas e reincidências de violação de direitos.

Despesas também podem ser reduzidas nos medicamentos, apontam especialistas. É vital pedir para o médico colocar o nome do genérico na receita.

“Meu filho me dá R$ 900 para ajudar nas despesas”

“Os gastos com a minha saúde e da minha mulher chegam a R$ 2.046 por mês — R$ 1.596 do plano e R$ 450 só de remédios. Esse custo terá somado R$ 252 mil em 10 anos — o preço de um apartamento. É um valor aproximado, uma vez que há reajustes todos os anos. O problema é que não pago só isso. Eu tenho, como qualquer pessoa normal, despesas fixas com as compras no supermercado (R$ 200), energia elétrica (R$ 190) e conta de água (R$ 80). Compro roupas e calçados, mas tenho evitado para não estourar o orçamento. A sorte é que tenho casa própria. Sou aposentado e vendo livros para complementar minha renda. Pago plano de saúde há 15 anos para mim e para minha mulher. Eu ganho R$ 3.350 por mês, contando com R$ 900 que o meu filho me dá para ajudar nas despesas”.

CARLOS FRANÇA
aposentado, 71 anos

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