Carioca que coordena ajuda a refugiados no Sri Lanka faz trabalho humanitário há 10 anos
POR JOÃO RICARDO GONÇALVES, RIO DE JANEIRO
Rio - A tradição de cariocas que ajudam a aliviar a dor de civis que escapam de confrontos nos cantos mais distantes do mundo não acabou com a morte do alto funcionário da ONU Sérgio Vieira de Mello, em 2004. O exemplo mais recente é o de Gérson Brandão Azevedo, 36 anos, responsável pela distribuição de ajuda humanitária a mais de 160 mil refugiados no Sri Lanka, deslocados principalmente depois de confrontos entre o governo e uma guerrilha local.
Em entrevista a O DIA, Gérson contou como chegou a uma posição tão importante. Ele começou a trabalhar com ajuda humanitária há 10 anos, em Angola. Antes de chegar à ONU, atuou em ONGs internacionais em países como o Timor Leste, Peru e Sudão. As funções variavam, mas estavam relacionadas com a distribuição de ajuda a vítimas de desastres e da guerra e reabilitação de postos de saúde.
Após o início na ONU, Gérson ainda passou pelo Congo (Ex-Zaire), coordenando a distribuição de ajuda humanitária no leste do país e desmobilizando crianças armadas, antes de chegar ao Sri Lanka. Inicialmente, ele estaria no país para ajudar na reconstrução da destruição provocada pelo tsunami. O reinício da guerra civil, entretanto, mudou os planos.
Segundo ele, a situação dos refugiados é grave: “É um trabalho extremamente dificil e, às vezes, fazendo comparação com outros lugares onde já estive, digo aos meus colegas que o Iraque é um parque de diversões comparado com a situacao no norte do Sri Lanka”, conta. “O governo decidiu dedicar fundos e pessoal jamais vistos para poder ‘aniquilar’ com os ‘tigres’ (rebeldes separatistas de uma região do Sri Lanka). Por outro lado, os ‘tigres’ viram no aumento da disciplina e violência contra a população a única maneira de manter unidade e continuar a guerra”.
Enquanto tenta garantir dignidade às famílias dos campos de refugiados — o país não recebe a mesma atenção de outros em situação de crise — Gérson, que é carioca do Irajá, sente saudades do Rio. “Sinto falta até de ver meu Vasco em São Januário, apesar de ele ter sido rebaixado”, lamenta.
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