sábado, 2 de maio de 2009

Atriz faz laboratório e aprende trejeitos com travesti

02.05.09 às 02h03


POR BEATRIZ MOTA, RIO DE JANEIRO

Quinze centímetros e uma ‘virgulinha’ separam Antonia Fontenelle de Patrícia Araújo. Mas, no ‘tête-à-tête’ durante encontro promovido por O DIA, a atriz de 1,65m que interpreta uma travesti na peça ‘Vidas Divididas’ e a modelo de 1,80m que nasceu Felipe tornam suas diferenças ainda menos perceptíveis diante do que as unem: elas são mulheres.

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Os 15 cm de altura representam a maior diferença entre as duas

Para o espetáculo de Maria Adelaide Amaral, que estreia para o público neste sábado no Teatro dos Grandes Atores, na Barra, Antonia teve que aprender a engrossar a voz, mexer mais no cabelo, e se desfazer de preconceitos.

“A Gisele, minha personagem, é uma mulher fina, educada, que nasceu no corpo de homem, com o que ela chama de virgulinha. Antes, só vinha na minha cabeça esses casos ‘trash’, essas pessoas como a Andréia do Ronaldo Fenômeno”, assume a atriz, que hoje sente na pele a discriminação que acompanha a vida de Patrícia.

“Em apresentações que fizemos no interior do estado, reparei que, no fim do espetáculo, os homens fugiam de mim ou me viravam a cara”.

Experiente, Patrícia decifra a situação:
“Esses são homens malresolvidos, que ficam inseguros perto da gente. Homem que é homem não tem problema de nos encarar”, garante ela, que ganhou popularidade após desfilar na última edição do Fashion Rio.

O envolvimento de homens declaradamente heterossexuais com travestis, abordado em ‘Vidas Divididas’ pelo personagem de Henri Castelli, que já teve um caso com Gisele (Antonia), não é assunto-tabu.

“Uma amiga já chegou para mim e falou: quero te dar de presente para o meu namorado”, conta Patrícia, que não constrange Antonia.

Minha personagem é uma mulher fina, que nasceu no corpo de homem, com uma virgulinha
Antonia Fontenelle

“Os homens têm fetiches e a curiosidade é normal. Não teria problema se um companheiro meu quisesse conhecer um travesti. Eu falaria: Ok, mas vamos juntos”, confessa a atriz.

Mas nem sempre Antonia é tão condescendente. Sem papas na língua, Antonia troca de papel com Patrícia, de voz e gestos suaves, quando envolvem seu marido em outras questões.

“Não sou ciumenta, mas quando mexem com meu marido eu viro homem”, diz Antonia, casada com o diretor Marcos Paulo.

Já Patrícia, usa toda sua feminilidade para reagir ao perigo:

“Quando me sinto ameaçada, aí mesmo que sou ainda mais delicada”.

Lipo, sim; mudar o sexo, não


Ao contrário do que almeja a personagem de Antonia em ‘Vidas Divididas’, que junta dinheiro para a mudança de sexo, Patrícia não pretende operar. “Já passei des

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