sábado, 2 de maio de 2009

Carlos Lessa: As chances da crise

02.05.09 às 01h16

Demissões em massa podem causar inadimplência com grave consequência

Professor e economista

Rio - Se a recessão internacional se prolongar, como apontam os prognósticos, o impacto no emprego poderá elevar a inadimplência, determinando um ciclo negativo na economia brasileira. Nos últimos anos, o crédito no mercado interno tem crescido muito.

Se houver demissões em massa, além da retração, teremos problemas sérios, principalmente porque crédito consignado tem prazo longo. Isto significa que, se houver explosão da inadimplência, poderemos ter o subprime tupiniquim.

Esta crise é intensa, severa, universal e irreversível. A desmontagem da globalização financeira e a queima, em escala cósmica, de valores financeiros de ficção produzirão, inexoravelmente, uma nova arquitetura financeira e uma mudança substancial nos padrões comportamentais. Esta crise atinge todas as nações, ainda que sob dimensões variadas.

É inteiramente desconhecida a extensão em que as empresas brasileiras estão comprometidas no cassino dos derivativos. Ninguém conhece o tamanho dessa caixa preta. Mesmo as empresas que não o fizeram têm vulnerabilidades derivadas de redução do nível de atividade, renda e emprego.

O Brasil pode desconhecer conselhos, regras e limitações que foram assimiladas pela inspiração do Consenso de Washington e subordinação contratual aos pacotes do FMI. Operacionalmente, o País pode formatar seu modo de enfrentamento da crise e delinear seu projeto de futuro.

Preservar o real e estabilizar a moeda brasileira é a preliminar à luta imediata contra o processo recessivo e imediata para a retomada do desenvolvimento, segundo as aspirações do povo brasileiro.

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