quarta-feira, 13 de maio de 2009

Clínica dos horrores na Ilha é acusada de calote

13.05.09 às 01h43

Advogado do dono do imóvel afirma que pediatra não paga aluguel há cerca de dois anos

Carol Medeiros e Natalia von Korsch

Rio - Acusada de exercer ilegalmente a profissão de cirurgiã plástica e deformar dezenas de mulheres após cirurgia de lipoaspiração, a médica Sheila Gonzalez também é processada por não pagar aluguel do imóvel onde funciona a sua clínica pediátrica, a Prosilha. Segundo o advogado dos donos da casa, Sebastião Celso de Souza, a médica não paga os R$ 5 mil mensais há aproximadamente dois anos. A dívida já ultrapassa R$100 mil.

Júlia com o marido e a filha diante da Prosilha: lipoaspiração oferecida durante consulta pediátrica e realizada no dia seguinte, sem exames. Foto: André Mourão / Agência O DIA

“Eles nunca pagaram! O imóvel estava alugado para um grupo de médicos, que vendeu a clínica em 2007 à doutora Sheila. Ela começou a meter os pés pelas mãos. A ordem de despejo ainda não foi dada porque ali funcionava uma clínica pediátrica, mas agora que está fechada estamos acelerando uma medida para botá-los para fora”, informa o advogado.

À tarde, agentes da Vigilância Sanitária, acompanhados de equipes das polícias Civil e Militar, estiveram na Prosilha para realizar vistoria, mas ninguém os atendeu. Hoje, está marcado depoimento de Sheila e o marido, Silvio Gonzalez, diretor da Prosilha, na 37ª DP (Ilha do Governador).

Ontem, mais uma vítima da médica procurou O DIA para denunciar deformidades causadas após a lipo. A professora Júlia Cristina de Souza, 36, foi operada em janeiro de 2008 e ainda sofre com as consequências da cirurgia malfeita: “Já se passou mais de um ano e só saio de casa de cinta. Nunca vou à praia, tenho vergonha”.
Roberto Barros, advogado da clínica, informou que não foi contratado para resolver pendências de pagamento de aluguel, mas “se a Justiça decidir que há uma dívida ela terá que ser paga”.

Profissionais abandonaram a clínica

A fama de caloteira de Sheila foi responsável, também, pela debandada de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem que trabalhavam há anos na Prosilha, que existe há quase 20 anos. Os profissionais antigos se demitiram poucos meses após a chegada da nova administração. Pelo menos 10 deles acionaram a clínica na Justiça.

Segundo uma antiga pediatra, que saiu dois meses depois de Sheila assumir, alguns salários não foram pagos até hoje: “Ela atrasava os salários de todo mundo, até das meninas da copa. Não tem ninguém de antigamente lá. Deve ser por isso que estagiários atendem crianças e recepcionistas dão anestesia. Até hoje não recebi”.

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