quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

18/02/2009 01:00:00

Celular ou câmera?

Câmera em miniatura no celular leva produção audiovisual a lugares nunca antes imaginados, mesmo com várias limitações técnicas

Rio - Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça. Quando formulou o slogan do Cinema Novo, Glauber Rocha não suspeitava que inspiraria até estudantes de ensino fundamental a fazer filmes com o que têm à mão. A câmera de vídeo parece ter alcançado o limite da miniaturização com o celular e estimula a criatividade para quem quer fazer arte ou registros com pouco dinheiro.

Telas muito pequenas, velocidade mais lenta, captação fraca do som e curta duração são algumas das características dos celulares que fazem cinema e até seriados. A nova linguagem promete criar possibilidades para o jornalismo, com o registro instantâneo de fatos, e para a sétima arte, com novos ângulos. Filmar com o telefone exige um olhar adaptado para a nova linguagem.

“O importante é entender o que é possível fazer com o celular e surtar com ele. Ousar criar. Tudo depende da história que se quer filmar”, explica Victor Van Ralsa, cineasta e professor de Vídeo no Celular. Ele ensina desde crianças de 8 a 16 anos até idosos a aproveitarem os recursos do aparelhinho para fazer ficção como parte do projeto Cinema Nosso.

A capacidade de cada modelo varia. Os mais antigos suportam apenas filmes muito curtos, de até 30 segundos e salvos no formato 3GP. Os novos aparelhos gravam arquivos MP4, têm mais qualidade e armazenam até 30 minutos de filme. O número de pixels da imagem também oscila. Em geral, as câmeras têm entre 1.3 e 2.0 MP, mas já há modelos com 5.0 e até 8.0 MP. Zoom óptico é outra aquisição que melhora a resolução e aumenta os recursos.

No Cinema Nosso, os alunos usam celulares Nokia N95 com os recursos mais avançados, mas também aprendem que a câmera não é o mais importante.

“Fazer vídeo com celular é aproveitar a mobilidade para filmar o que não dá com uma câmera grande. Já teve filme que simulou o vôo de uma mosca, ou que foi arremessado com uma bola. Imagina fazer isso com uma câmera pesada e cara?”, resume Carolina Merat, monitora do projeto. Ela lembra que o celular não tem pixels para formar imagens com muita qualidade, então a história precisa se adequar à tela pequena. A coordenadora Mirian Machado reforça a tese. “Sem uma câmera bacana, tem que usar a criatividade, encarar como brincadeira e se soltar. É uma forma de democratizar a tecnologia e a informação”, diz.

A produção das aulas vai para a Internet e para festivais. A turma, normalmente composta por estudantes do Ensino Médio de escolas públicas, aprende a editar no celular e em programas como o Final Cut Pro. Os vídeos também podem ser convertidos em outros formatos e transportados para o DVD.

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