domingo, 25 de janeiro de 2009

Anti-hipertensivos lideram o ranking

5/01/2009 00:55:00

Crescimento do consumo entre os jovens eleva uso do medicamento

Maria Luisa Barros


Rio - A vida sedentária, o estresse e a obesidade cada vez mais comuns entre os jovens estão elevando o consumo de remédios para controlar a pressão arterial, segundo aponta o levantamento da Comlurb. Os anti-hipertensivos são de longe os medicamentos mais usados pelos cariocas. O remédio, distribuído gratuitamente pela Secretaria Municipal de Saúde, aparece em primeiro lugar em 27 das 28 Regiões Administrativas do Rio de Janeiro, seguido pelos antiinflamatórios. Apenas em Guaratiba, na Zona Oeste, este tipo de medicamento lidera o ranking.

“Os anti-hipertensivos eram usados pela população idosa. Hoje, cariocas na casa dos 40 anos que levam vida sedentária e se alimentam mal estão tomando o medicamento para prevenir doenças graves”, diz a pesquisadora Adair. O estudo, que poderia ser utilizado pelo Ministério da Saúde, chama a atenção também para o aumento de medicamentos genéricos em toda a cidade. “Aos poucos ele foi conquistando a confiança da população de que faz efeito”, atesta Adair.

A pesquisa, que tem por objetivo definir rotas e tipos de caminhões utilizados na coleta domiciliar, revelou outro dado curioso. Os remédios para tratamento da Aids não apareciam no lixo. “Talvez pelo preconceito, as pessoas tinham receio de que soubessem que ela era portadora do HIV. Hoje o remédio já aparece em todas as regiões”, conta Adair.

Madureira feliz

Os antidepressivos e os remédios que necessitam de receita médica são mais comuns na Zona Sul do Rio. Já nas lixeiras de Madureira, no subúrbio, quase não apareceram remédios contra depressão em 2008. “As pessoas parecem ser mais felizes. Gostam de reunir os amigos para churrasco no fim de semana. Em compensação você observa embalagens de remédios para controle do colesterol e da glicose (açúcar no sangue), pois estão muito acima do peso”, constata a pesquisadora. Segundo ela, o carioca tem mania de se automedicar. “Ele não quer gastar dinheiro com consulta médica. Se alguém diz que é muito bom, ele toma o remédio”, alerta.

Em Santa Cruz, na Zona Oeste, as sobras de remédios denunciam a precariedade do atendimento hospitalar e de saneamento básico. Nas lixeiras de lá, há muitas drogas para tratamento de doenças do coração e do aparelho circulatório já em estado avançado, além de medicamentos para doenças parasitárias. “A dificuldade no acesso médico pode retardar o tratamento da doença”, diz.

Ano passado a Comlurb recolheu 48 mil toneladas de lixo domiciliar. As embalagens de medicamentos separadas na catação dos garis são uma parte da análise sociológica do lixo. “O carioca toma muito remédio. Mas nem todos. Em Guaratiba, tem muito peixe e legumes e pouco remédio”, diz o gari João Luis Richter, 30 anos.

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