sábado, 9 de janeiro de 2010

Rio quer muros para barrar expansão em Angra

06.01.10 às 16h33 > Atualizado em 06.01.10 às 17h19

Rio - A Secretaria Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro planeja adotar em Angra dos Reis um projeto que causou polêmica na cidade do Rio: construir os chamados ecolimites nos morros da cidade. Segundo a secretária Marilene Ramos, não se sabe como eles serão demarcados, mas existe a possibilidade de se construírem muros para evitar a expansão de construções irregulares nos morros.

Fortes chuvas que atingiram o município na madrugada da última sexta-feira provocaram deslizamentos de terra em vários morros da cidade, causando mortes em dois deles. No Morro da Carioca, no centro de Angra dos Reis, pelo menos 21 pessoas morreram.

>> FOTOGALERIA: Vítimas da avalanche em Angra dos Reis são enterradas

A secretária contou que, quando trabalhava como consultora ambiental para a prefeitura do município, na década de 90, chegou a implantar um projeto de ecolimites com cercas. Nesta quarta-feira, depois de sobrevoar a cidade, ela disse que não há sinais das cercas implantadas no alto dos morros do centro.

"Na época em que trabalhei, fizemos uma primeira tentativa, com o projeto Cinturão Verde. Chegamos a construir uma grande extensão de cerca, a retirar algumas moradias de áreas mais altas. Mas hoje não consigo vislumbrar nem resquícios dessa cerca", disse. "Esse novo ecolimite pode ser uma cerca, mas pode ser também um muro, já que a gente viu que a cerca não deu certo."

>> FOTOGALERIA: Bombeiros trabalham no resgate das vítimas

No início de 2009, o governo do Estado informou que construiria muros em várias favelas do Rio de Janeiro, para evitar a expansão de construções irregulares nesse locais. O projeto recebeu críticas que diziam que o projeto segregaria as favelas do resto da cidade. Para o governo, os ecolimites impedem o desmatamento e a construção de casas em locais considerados de risco.

Angra terá sirenes em morros

A prefeitura de Angra dos Reis (RJ) vai instalar sirenes no alto dos morros da cidade para informar a população sobre o nível elevado de chuvas. Segundo o prefeito Tuca Jordão, serão colocados na parte superior das encostas pluviômetros eletrônicos (aparelhos que medem a quantidade de chuva) que estarão ligados a sirenes, para alertar a população quando o nível de chuvas atingir um ponto crítico.

>>> Confira lista das vítimas da tragédia em Angra dos Reis

"A um determinado nível pluviométrico, aciona-se a sirene, não para causar pânico, mas para as pessoas saberem: ''é um alerta, temos que sair da nossa residência''", explicou.

Corpos de duas turistas são liberados

Os corpos das duas últimas vítimas do grupo de pessoas de Arujá, em São Paulo, que estavam desaparecidos após a tragédia em Ilha Grande, foram liberados na manhã desta quarta-feira pelo Instituto Médico Legal (IML) do Rio. De acordo com parentes, Emanuela Rodrigues Netto (33 anos) e Fernanda Muraca (27 anos) serão sepultadas ainda nesta quarta em Arujá.

>> FOTOGALERIA: As vítimas da tragédia em Angra dos Reis

Até o momento, as autoridades contabilizam 31 mortos em Ilha Grande e outros 52 em todo o município de Angra dos Reis. O Corpo de Bombeiros ainda procura por Roseli Marcelino Pedroso, de 34 anos, que ainda não foi localizada no Bananal. Uma criança desapareceu no Morro da Coroa e também ainda não foi encontrada.

Uma madrugada, duas tragédias

Duas tragédias abalaram Angra dos Reis na madrugada do dia 1º de janeiro de 2010. Na Ilha Grande, a queda de uma barreira encobriu a pousada de luxo Sankay, lotada de turistas, e mais sete casas, duas alugadas por temporada, que ficavam na enseada do Bananal. Vizinhos escutaram um forte estrondo do alto do morro às 3h30. Foi quando chegou a notícia de que toneladas de lama, galhos e pedras haviam encoberto um terço da pousada e as casas no entorno. O impacto do desmoronamento levou corpos ao mar.

Vizinhos ajudaram a socorrer vítimas soterradas, mas não conseguiram salvar a mulher que, só com a cabeça acima da terra, gritava para que procurassem primeiro seu filho. No Centro de Angra, uma encosta cedeu e deslizou por cima de várias casas no Morro da Carioca. Segundo os moradores da região, os deslizamentos ocorreram entre 2h30 e 4h, quando muitos já estavam dormindo.

Cerca de 120 homens da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros se empenharam no trabalho de resgate dos corpos no Centro e na Ilha Grande. O governo do Estado pôs todos os helicópteros das polícias Militar e Civil, e do Corpo de Bombeiros para auxiliar no transporte de feridos e dos corpos. A Marinha do Brasil também está apoiando a Defesa Civil de Angra dos Reis com o transporte de pessoal e fornecimento de alimentos para as equipes. Na Ilha do Bananal, a Marinha também faz a interdição da área marítima.


Com informações do Terra.

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